20 de ago. de 2010

Pra quem não faz ideia do que quer dizer esse papo de numerologia (1)






Tem gente que me conhece apenas através das minhas traduções, ou da minha música, ou das matérias que escrevi para revistas. Não devem entender nada desse papo de numerologia aqui no blog. É para elas, e para quem não faz muita ideia do que seja numerologia, que reproduzo aqui um texto antigo meu, devidamente repaginado. Aliás, devo dizer: como é duro reler textos antigos. Hoje em dia acho tudo muito mal escrito. Mas pelo menos estou tendo a chance de dar uma polida nos textos ao publicá-los neste blog.
   Então vamos ao papo numerológico.
  Uma das formas de se tentar compreender do mundo é tentando compreender as pessoas – não necessariamente concordando com elas, nem explicando-as, mas apreendendo sua natureza. O mapa numerológico é uma ferramenta que facilita essa compreensão. É uma técnica simples, mas profunda. A única informação necessária para a composição do mapa é seu nome original completo e sua data de nascimento. Estes dados serão usados para os cálculos. Não precisa ficar com medo de cálculos complicados, porque, como acho que já mencionei e mencionarei ainda várias vezes, odeio cálculos matemáticos! É realmente irônico que eu tenha me aprofundado tanto na prática e no estudo da numerologia.
   Enfim, cada combinação numérica reflete determinado aspecto de sua personalidade e mostra uma energia arquetípica que é a raiz da personalidade. Seu nome reflete seu eu, enquanto a data de nascimento revela como vive este eu. O nome completo original funciona como uma espécie de “rótulo”. Portanto, a investigação do simbolismo do nome desvela o dono deste nome.
   Da mesma forma, a data de nascimento simboliza o começo da jornada, e como o resto da mesma será afetado. Repare que esta informação não simboliza um destino fixo, pois sempre há um elemento imprevisível na vida (livre-arbítrio), e não devemos desconsiderar isto. Por outro lado, ao conhecer os números podemos também observar uma alma da mesma forma que observamos um rosto numa foto.
   A primeira distinção numérica que podemos fazer é entre os grupos positivo/masculino e negativo/feminino. Isto não tem nada a ver com melhor ou pior, nem com sexualidade. Implica apenas polaridade, sendo que números ímpares são sempre viris e agressivos de maneiras distintas, enquanto que os números pares trazem sutileza e delicadeza, cada um a seu modo. Além disso, quando somamos um número ímpar e outro par, o resultado será sempre ímpar, da mesma forma que dois números pares somados produzirão outro número par. Isto mostra claramente como os números ímpares são dominadores, sempre se impondo sobre os pares; e também como os números pares são defensivos, parecem proteger seus semelhantes em um círculo. 
   Vamos começar pelos números elementares: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9. Estes não podem ser reduzidos; eles representam arquétipos essenciais, a manifestação básica da personalidade ou da situação. Todos os outros números (exceto 11 e 22, por razões que veremos adiante) podem ser reduzidos desta forma. Por exemplo: 18 = 1+8 = 9. Esta é uma forma simplificada de um método criado por Pitágoras para entender a essência de um número.   
   Os números mestres são 11 e 22. Não podemos reduzi-los porque eles representam as exceções a toda regra, portanto são ligados a situações e pessoas invulgares.
   Devemos ter em mente que um número composto é a base que influencia o número básico. Os números compostos são a “mãe” e o “pai” dos quais o número elementar, ou básico, herda suas características peculiares. Por exemplo, 6 é sempre 6, mas dependendo dos números que o compõem, algumas características ficam mais fortes que outras. Um 6 que é composto de 15 é sempre mais apaixonado, forte, e menos quieto – características do “pai” 1 e da “mãe” 5, que estimulam o lado violento das paixões. Um 6 que vem de 24 é o mais fraco de todos, pois os aspectos yin de 6 são reforçados por 2 e 4, resultando em um número 6 enfraquecido pela falta de energia yang. O número 33, um 6 “especial”, indica, como no caso dos números mestres, tanto iluminação quanto demência (repare que 33 não é um número mestre, mas exibe a mesma corrente de energia dupla encontrada em números mestres).
   O número elementar é o arquétipo, e o número composto mostra a tendência deste arquétipo. A lista a seguir fornece alguns exemplos breves de como os números de origem influenciam os números elementares:
  • é o líder, mas o número 10 tende a um estilo paternal de liderança, enquanto 19 já tende mais ao autoritarismo e 28 busca a perfeição;
  • é o cooperador, mas 20 tende a cooperar em nível mais alto, mais espiritual;
  • 3 é o comunicador, mas 12 tem dificuldade em se expressar; 21 luta contra a ansiedade em se expressar, enquanto 30 se comunica sem maiores esforços;
  • 4 é o organizador, mas 13 tende a exceder as regras, enquanto 31 as cria;
  • 5 é o rebelde, mas 14 tende a reprimir a rebelião de 5; 23 tende a ações e palavras inflamadas e 32 encontra o equilíbrio através da liberdade;
  • 6 é emoção; 15 tende a emoções fortes; 24 a emoções que enfraquecem; e 33 cai entre estes extremos;
  • 7 é o intelecto, mas 16 tende à destruição, enquanto que 25 tende à construção;
  • 8 representa preocupações e circunstâncias materiais; 17 inclina-se a um temperamento esperançoso, enquanto 26 tende à fragilidade e ao pessimismo;
  • 9 é liberdade e movimento, mas 18 tende a evitar caminhos que levem a emoções intensas. 27 costuma investigar o mundo interno, enquanto 36 busca o mundo externo;
  • 11 é o aspecto yang da espiritualidade, mas 29 aborda-a de forma mais “convencional”, e 38 de um jeito mais “material”;
  • 22 é aspecto yin da espiritualidade, e é composto de números maiores que 100, o que faz a influência mais complexa, mais apropriada para um estudo mais aprofundado.
   Se você não presta atenção ao processo de formação de um número (o que é visível nos número compostos), não pode realmente dizer que compreende o símbolo e como funciona. Por exemplo, água é sempre água, mas pode ser filtrada ou não, pode ser água do mar, da lama, do rio, destilada, gelo – tudo água, ainda que todas diferentes formas de H2O.
   Você também pode assimilar o que um número representa se prestar atenção ao seu comportamento matemático, se é divisível ou não, e com quais números e em quais circunstâncias, etc. Só podemos entender as combinações se entendermos primeiro o significado dos números elementares.
   Quando calculamos um mapa numerológico, transformamos as letras do nome em números. A lógica desta associação vem da idéia de que a mesma energia, ou princípio, aparece em diferentes mundos: o mesmo princípio de A seria 1, por que são ambos os primeiros de seus sistemas. Realmente, o Sol é o primeiro líder do sistema solar, então o Sol, ou “A” é número 1, e assim por diante. Em tempos antigos, não havia diferença entre química e alquimia, astronomia e astrologia, matemática e numerologia, sagrado e profano, e da mesma forma, não havia diferença entre letras e números. Ë por isso que o hebraico e o grego são alfabetos compostos de letras que também são números. Assim, a numerologia seria uma espécie de Gematria para os tempos modernos, por mais estranho que possa soar esta definição.   

1
2
3
4
5
6
7
8
9
A
J
S
B
K
T
C
L
U
D
M
V
E
N
W
F
O
X
G
P
Y
H
Q
Z
I
R

   Mais uma vez, concentramo-nos nos números elementares quando atribuímos valores para as letras. Mas não se esqueça de que A, J e S são todos formas distintas do número 1. E há diferenças entre 1, 10 e 19. Por isso A é mais brilhante, J é mais sutil e S é mais forte – todos formas de 1 em suas similaridades e contrastes.


   Texto de Johann Heyss. Não reproduza sem mencionar o autor e o blog.

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