2 de set. de 2011

As desventuras de Síntese 4 no ano Ano Pessoal 4 featuring Arcano 13: Parte I



Então. Pois é. O Ano Pessoal 4.
Segundo eu mesmo no livro O que é numerologia, o ano pessoal 4 “é o momento de trabalhar duro para fortificar, estimular, fazer crescer, construir os fundamentos, a estabilidade, a base de tudo. Este é um momento crítico, a hora de ser rigoroso consigo mesmo e com os que o cercam. Não é hora de perder tempo com amenidades ou conversa fiada, deve-se ir direto ao assunto e ter método, planejamento, rigor. Entre a diversão e o dever, prefira o dever. Há uma sensação de frustração natural à dureza do período, mas dentro de um contexto mais amplo todo esforço laborioso e bem direcionado será bem recompensado em momentos futuros. Quando a pressão for muito intensa, deve-se pensar no ano seguinte, que trará momentos de descanso. Mas não se deve cometer o erro de exagerar na dose — trabalho duro sim, estresse não, pois pode trazer até mesmo problemas de saúde. Não é bom momento para nenhuma mudança, deve-se evitar viajar; o movimento deve ser todo no sentido de estabilizar, solidificar, confirmar. É a hora ideal para todos os assuntos relacionados com casa, construção, reformas, e para lidar com todos os assuntos maçantes mas necessários, como resovler problemas burocráticos e acertar pendências econômicas, de saúde etc. Economizar é altamente recomendável”.

Sigo sempre o princípio de duvidar de tudo, por à prova, ver para crer. Se por um lado já deixei há muito tempo de questionar a eficácia da numerologia (por mais incapaz que seja de explicá-la totalmente no plano racional), por outro lado não gosto de restringir meus movimentos por causa de tendências ou previsões numerológicas (ou de tarô, astrologia — ou mesmo da medicina, que seja). Como bom cabeçudo que sou (Síntese 4 — ou melhor, 13/4) gosto de fazer as coisas que quero na hora que quero. E assim mantive os planos de viajar para a Holanda, como gosto de fazer pelo menos uma vez por ano. Mas essa viagem é literalmente o final desta viagem ao mundo do número 4 — um mundo em tons de bege.

Agora que já passou, ainda sinto um pouco da vertigem pós-passeio de montanha russa.

Tudo começou em agosto do ano passado. 42 anos. Ainda durante o ano pessoal anterior — 3 — eu fora convidado para começar a traduzir livros para duas editoras — Underworld e Fundamento. Esta última só trabalha com nota fiscal, de modo que eu precisava me registrar como MEI — microempreendedor individual. OK, eu estava mesmo precisando me regularizar, algumas empresas pedem e tal. A editora, gentil, presta assistência aos tradutores para tudo se resolver rapidamente, como costuma ser.

Menos no meu caso. Houve um problema com o meu endereço, que não fora aceito por alguma razão, e eu teria de ir pessoalmente a um órgão da prefeitura do Rio de Janeiro para resolver a pendência. E lá fui eu. Depois de esperar algum tempo na inevitável fila, fui atendido por uma senhora de aparência menos que animada e plena de apatia indisfarçada por óculos de lentes gordurosas e armação bege. Expliquei a ela que eu não entendia nada de coisa alguma, apenas precisava saber por que meu endereço não estava sendo aceito para meu registro como MEI. Eu levei uma cópia do e-mail da gentilíssima contadora da editora para eliminar qualquer chance de mal-entendido, o que era forte probabilidade caso eu tivesse de contar com meu parco entendimento do assunto para explicar minha situação à desanimada funcionária pública. Eu sou uma pessoa muito inteligente para muitas coisas, mas completamente oligofrênica para tantas outras. Deve ser a tal lei do equilíbrio. O fato é que sou burro, burrão, burraldo mesmo em se tratando de assuntos burocráticos. Por isso levei tudo copiado e impresso e anotado. Mas não adiantou.

O fato é que a mortiça senhora me fez abrir uma microempresa. E isso gerou impostos cinco vezes maiores do que a contribuição previdenciária do MEI. Eu vim a descobrir o desastre causado pela acabrunhada mulher que me atendera na prefeitura já em pleno ano pessoal 4. E como microempresa, em vez de microempresário, eu não só tinha de pagar impostos extorsivos e desnecessários, como não podia receber pela tradução já feita, posto que a editora só trabalha com nota fiscal. Eu pensei: “que merda. Problemas com documentos e burocracia, típico aborrecimento de ano 4”. Detesto me fazer de coitadinho, mas... coitado de moi! Mal sabia que aquilo era apenas um pequeno aperitivo. O chumbo grosso estava a caminho. Não perca a segunda parte deste relato, amanhã sem falta.

Goedenacht!

Texto de Johann Heyss. Não reproduza sem mencionar o autor e o blog.

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