19 de set. de 2010

Esse negócio de mudar de nome funciona mesmo?



Não. A resposta é não. Mas vamos aos "comos" e "porquês".


É muito comum associar a numerologia à mudança de nome, como se uma coisa implicasse a outra. Mas a crença que diz que mudar de nome, ou uma letra do mesmo, provoca mudanças na personalidade e no destino de alguém não tem nada a ver com o verdadeiro potencial da numerologia. É óbvio que a numerologia não serve para operar milagres, e que a mera modificação do nome não causa efeito algum, positivo nem negativo, na vida de ninguém.
   O fato é que o nome de uma pessoa reflete quem é esta pessoa, da mesma forma que um espelho reflete nossa imagem, e que o nosso código de DNA indica (ou seja, reflete) nossos potenciais biológicos. O nome não causa nada, ninguém é como é por causa do nome que recebeu. O nome que cada um recebe é antes uma pista, uma indicação, um elemento de identificação da personalidade e do potencial daquela pessoa.  Desta forma, a crença na mudança de nome como fator de melhoramento pessoal é exatamente isto: uma crença. E a crença é vizinha da superstição, e irmã da auto-indulgência. Como tudo em nosso mundo dualista, a crença é uma faca de dois gumes, o que faz com que aqueles que crêem que uma mudança no nome lhes abrirá as portas do sucesso estejam mais propensos a estas realizações devido ao fator psicológico e à autoconfiança estimuladas pela crença firme no poder do nome — uma espécie de efeito placebo. Mas mesmo assim, a crença trava uma batalha com a razão, o que tanto pode servir para desabar uma fé que proporcione conforto e autoconfiança quanto para chamar a pessoa à consciência e salvá-la da superstição e da ignorância. Portanto, aquele que se submete a uma mudança de nome sem crer profundamente no processo não terá qualquer progresso — e mesmo a crença não garante a eficácia do placebo. Então fica fácil perceber que a mudança de nome é uma muleta psicológica: funciona para alguns que creem nesta superstição. E a numerologia não é uma superstição.
   A análise dos casos de artistas que mudaram de nome devido à numerologia leva à conclusão que nada de relevante ou significativo aconteceu. A cantora Sandra de Sá, por exemplo, que antes assinava Sandra Sá, continua sua carreira normalmente, sem nenhum salto qualitativo dramático em seu trabalho nem para melhor nem pior. Isto se dá por dois fatores: em primeiro lugar, porque o nome completo verdadeiro da cantora e sua data de nascimento é que refletirão sua personalidade e sua vida, e dentro disto, sua carreira. A segunda razão é que os nomes Sandra Sá e Sandra de Sá são quase idênticos em termos numerológicos. Confira:

   1+1+5+4+9+1  +1+1  =  23/ 5
    S A N D R A     S Á  
 
   1+1+5+4+9+1  +4+5  +1+1  =  32/ 5
    S A N D R A    D E    S Á  

   Em termos de simbolismo numerológico, a mudança é praticamente nenhuma, pois apesar de o número da importância do número de origem para a interpretação, aqui não há diferenças gritantes entre os números 23 e 32 — se um dos nomes resultasse em 14, haveria uma diferença clara. Mas mesmo assim, o nome verdadeiro completo seria a única fonte numerológica confiável.
   Outro caso muito citado é de Jorge Benjor, ex-Jorge Ben, cuja mudança de nome nada teve a ver com numerologia, mas sim com direitos autorais no exterior. O cantor norte-americano George Benson e Jorge Ben eram freqüentemente confundidos devido à pronúncia dos nomes em inglês, o que prejudicava a carreira de Benjor no exterior. Assim, ele passou a assinar Jorge Benjor, sem qualquer relação com a numerologia.
   Outro caso conhecido foi o da atriz Lady Francisco, que usou assinaturas esdrúxulas, sem qualquer sucesso, e mais recentemente lançou uma autobiografia retomando o nome artístico e próprio original — tanto Lady quanto Francisco fazem parte de seu nome original completo.
   Alguns me questionam quanto ao meu próprio nome. Johann Heyss é de fato um nome artístico, que comecei a usar como músico — carreira que comecei a desenvolver antes de meus estudos numerológicos — por motivos diversos, e sem qualquer implicação direta com a numerologia.
   Portanto, gostaria de enfatizar para todos aqueles que pensam em mudar de nome ou de assinatura para desenvolver algo de positivo em suas vidas que, ao invés disso, estudem seus mapas numerológicos em profundidade, para que possam assim identificar e estimular os potenciais positivos, e reconhecer e mitigar as armadilhas da personalidade e da vida. Através do autoconhecimento podemos nos desenvolver e progredir, não através de muletas psicológicas.  


Texto de Johann Heyss. Não reproduza sem mencionar o autor e o blog.

3 comentários:

  1. Perfeito! Muito esclarecedor.
    A título ilustrativo, apenas uma curiosidade... Uma vez vi uma entrevista no Jô com um produtor antigo de teatro e das noites cariocas (não me recordo o nome) que disse existia uma corrente de artistas que escolhiam seus nomes artísticos contendo sempre 13 letras. Que isso era uma superstição que alguns seguiam: Glória Menezes, Tarcísio Meira, Roberto Carlos, Wilson Simonal, Emilinha Borba etc... Ele citou um monte. Nada tinha a ver com numerologia, só superstição... 13!

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  2. Adorei o artigo e concordo com a sua linha de pensamento

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