5 de mar. de 2014

Sobre artes e artistas

“Quanto menor o artista, e quanto mais estreita sua visão, e quanto mais vulgar seu vocabulário, e quanto mais banais suas imagens; mais facilmente ele é reconhecido como líder. Para ser aceito e admirado, ele precisa dizer o que todos nós sabemos, mas não nos dizemos, até cansar, e deve dizê-lo de forma simples e em linguagem clara, com um pouco mais de ênfase e eloquência do que estamos acostumados a ouvir; e ele deve nos agradar e nos lisonjear com o que diz, procurando aplacar nossos medos e estimular nossas esperanças e nossa autoestima. Quando um Artista — seja em astronomia como Copérnico, em antropologia como Ibsen, ou em anatomia como Darwin — reúne um conjunto de fatos grande demais, recôndito demais ou “lamentável” demais para receber aquiescência imediata de todos; quando ele apresenta conclusões que vão de encontro à crença ou ao preconceito do povo; quando emprega uma linguagem que não é de conhecimento geral — nesses casos ele deve se dar por satisfeito em falar para poucos. Ele deve aguardar o momento em que o mundo venha a despertar para o valor de seu trabalho. Quanto maior ele for, mais individual e menos compreensível parecerá ser, ainda que na realidade seja mais universal e mais simples do que qualquer um. Ele deve ser indiferente a qualquer coisa alheia a sua própria integridade na realização e imaginação de si mesmo.”


ALEISTER CROWLEY
(trad. Johann Heyss)