31 de jul. de 2012

Initiation into Numerology at the Kindle Store


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23 de jul. de 2012

Autobiografia em números Parte II / A tríade da personalidade





A numerologia é um sistema experimental de autoconhecimento que toma por base arquétipos e sincronicidade. Logo, é um sistema acausal e não uma ciência, tampouco coincidência. Tendo a internet à disposição, não preciso desviar do objetivo real deste post e dos seguintes -- oferecer uma demonstração prática e pessoal de interpretação do mapa numerológico natal -- para me aprofundar em definições de acausalidade e arquétipos que são, contudo, essenciais para o entendimento da sincronicidade. Portanto recomendo enfaticamente pesquisar a sincronicidade, conceito desenvolvido pelo psicólogo suíço Carl Gustav Jung; isto facilitará a compreensão do funcionamento de um estudo numerológico.

Também não vou entrar em detalhes sobre os cálculos, que podem ser encontrados em posts anteriores neste blog e nos dois livros que publiquei sobre o assunto. O objetivo é interpretar os números.

Vale lembrar que o nome original de registro é o nome a ser usado para os cálculos. Nomes artísticos, modificados, nomes de casada(o); nada disso deve ser levado em conta para o cálculo numerológico. Sendo assim, usei meu nome de registro completo para os cálculos.

A primeira pergunta ao se analisar um mapa é: QUEM é esta pessoa? Naturalmente, uma pessoa é sempre algo complexo, de modo que não se pode responder com poucas palavras sem cair em reducionismo. Por outro lado, é possível sintetizar a essência de alguém em algumas palavras ou frases. Para este fim, analisamos primeiramente a Tríade da Personalidade numerológica: o Interior, o Exterior e a Síntese, mais seus respectivos desafios. No post Alguns cálculos básicos de numerologia, aqui mesmo no blog, explico o que representam e como calcular estas posições do mapa numerológico.

No meu caso, os resultados foram os seguintes:

Interior 35/8 - desafio 4

Exterior 50/5 - desafio 2

Síntese 85/13/4 - desafio 6

Onde me vejo nestes números? Na solidez receptiva, materialista e lenta de meu lado emocional e de minha personalidade mais profunda, que é o que o Interior representa. O Interior é o lado interno da personalidade do indivíduo, aquilo que percebem apenas as pessoas mais próximas. A lentidão e lealdade do Oito por um lado me trazem inclinação a relações longas e estáveis; por outro lado já me levaram a manter apegos exagerados e desnecessários (o que encontra eco na minha Lua em Câncer). O materialismo deste número não faz de mim um pão-duro (há controvérsias) e sim alguém muito atento aos aspectos práticos da existências. Além disso, meu senso de ética é ferrenho e, para alguns, radical. Não poupo amigos próximos e nem familiares e nem a mim mesmo do meu senso de justiça. Acredito que a lei é para todos, como diria Crowley. O resultado é que as pessoas mais próximas de mim costumam ter elevado senso de ética -- o que não tem nada a ver com concordar necessariamente com meus pontos de vista.


Após observar o Oito no Interior, é preciso considerar sua origem, os números que o formaram, neste caso, 35. Ambos números comunicativos, joviais e vibrantes, representam meu lado bobo e brincalhão, o qual, resultando na visão grosseiramente pragmática do Oito, se manifestam na forma do meu senso humor ácido e nem sempre bem compreendido ou recebido. Não que eu ligue.

O desafio Quatro indica minha dificuldade em aceitar limitações, sobretudo as que eu próprio me imponho. Sendo 4 o mesmo número da minha Síntese, isto evidencia uma dificuldade de lidar com traços definitivos de meu caráter. Reconheço isto no meu horror a conservadorismos, hierarquias e caretices de todo tipo, ao mesmo tempo em que me reservo o direito de não me jogar totalmente em nada que eu não conheça -- ou ache que conheça -- direito antes.

A manifestação do Exterior Cinco em minha personalidade é bem fácil de identificar. Meu visual sempre exótico e fora dos padrões cria uma imagem de "louco", irreverente e rebelde que, se por um lado reflete aspectos indiscutíveis da minha personalidade, por outro lado mascara alguns aspectos bastante conservadores de quem tem Interior Oito e Síntese Quatro. Não me encaixo, na verdade, nem no perfil de um conservador, nem no de um anarquista. Sempre estou à esquerda da direita, à direita da esquerda; e radical demais para o centro, e equilibrado demais para ser realmente radical. Nunca me identifiquei com os arquétipos culturais brasileiros, mas obviamente não me identifico de verdade com culturas nas quais não fui criado, o que faz de mim um transnacional, termo que me agrada mais do que apátrida.

O número 5 trasmite uma imagem sexual, aventureira, mutável, impulsiva, impaciente e abusada, e muitas pessoas confirmam que tiveram (para o bem e para o mal) este tipo de impressão ao me conhecer superficialmente, mas quem me conhece de verdade sabe que, apesar de tudo isso corresponder de fato a muitas coisas que digo e faço, o como e o porquê dessas características remetem a raízes e princípios profundos que não estão dentro da esfera de correspondência do arquétipo do número 5.

A origem 50 não modifica em nada a essência do Exterior Cinco. O número 0 funciona como solvente e ampliador. Já o Desafio Dois sugere uma dificuldade de ceder no plano social/profissional, de se dobrar quando preciso. Bem, alguns me chamam de íntegro por causa disso, outros de intransigente, mas o fato é que só faço o que quero, e não me dobro a nenhuma convenção social que não aceite apenas para me adequar à cultura ou status quo. O Desafio Dois sugere tendência à arrogância (por falta de humildade). Bem, que seja. Não gosto de cultivar uma imagem arrogante e nem acho bonita a arrogância, mas se não abrir mão dos próprios gostos e princípios é ser arrogante em nossa sociedade, que seja. Prefiro desagradar aos outros do que a mim mesmo.

A Síntese Quatro, originando-se de 13, e de 85, indica um sujeito de temperamento estável, confiável, esforçado, paciente, às vezes até simplório e limitado, do tipo que custa a sair do sério, mas quando sai, explode violentamente. Esta síntese simplesmente nega e contradiz o Exterior Cinco, ao mesmo tempo em que endossa (mas reduz) o Interior Oito. E agora? É complexo, e não por ser o meu mapa e eu querer lhe imprimir charmosa complexidade; não. A complexidade é a combinação de temperos da receita que resulta em uma personalidade humana, sempre única e pessoal. Sim, é uma contradição. E, sim, eu tenho estes dois lados. Posso ser rápido, moderno e ousado, mas também posso ser lento, cafona e covarde. Contudo, apesar de ser um arquétipo mais fraco na composição da Tríade da Personalidade (considerando-se que os números 8 e 4 são pares, estáveis e conservadores, e o número 5 ímpar, mutável e transgressor), o arquétipo do número 5 acaba sendo mais desejável para mim por causa dos desafios da personalidade. O Desafio Seis na síntese reforça minha dificuldade com tradições, família, sociedade, conservadorismo, diplomacia, valores análogos aos dos arquétipos dos números 4 e 2, que aparecem respectivamente como Desafios do Interior e do Exterior.

É importante registrar que, apesar de a maioria dos mapas registrar contradições que se refletem nas personalidades humanas, há mapas que descrevem personalidades monocromáticas. Pessoas assim existem.

A interpretação de um mapa não se esgota aqui. Estamos apenas começando. Comentários e dúvidas são sempre bem-vindos, mas vale deixar claro que, por motivos óbvios e ululantes, não farei nenhum cálculo nem interpretação para o mapa de ninguém através deste blog. Muito de vez em quando atendo a solicitações de leitura de mapas, mas quando ocorre (não é minha principal atividade), é, naturalmente, um serviço pago.

A leitura/interpretação de um mapa numerológico (ou astrológico etc.) é uma forma de tradução. Jamais implica relação direta com nenhum tipo de religião -- eu sou bastante crítico de religiões em geral, e se houvesse alguma relação necessária entre numerologia e religião, eu não estaria aqui escrevendo isto. Tampouco a numerologia implica nenhum tipo de espiritualidade ou misticismo. Ao menos não especialmente. Aquele que é verdadeiramente espiritualista ou místico vive sua crença/filosofia o tempo todo, em todas as atividades do dia, seja ele médico, lixeiro, artista, advogado ou... numerólogo, astrólogo, tarólogo.


Texto de Johann Heyss. Não reproduza sem mencionar o autor e o blog.

Ilustração de Josh Adamski.

16 de jul. de 2012

Autobiografia em números / I - Preâmbulo: Por que diabos eu fui me meter com numerologia?




Inicio agora uma série de posts nos quais analisarei meu próprio mapa numerológico em forma de autobiografia. O objetivo é demonstrar o mapa numerológico de forma viva, pessoal e verdadeira. Dúvidas e questionamentos serão sempre bem vindos. Alguns nomes de pessoas que passaram pela minha vida serão trocados para preservar suas identidades.


I - Por que diabos eu fui me meter com numerologia?


Esse negócio de ser “esotérico” (cof, cof) não combina comigo. Sou rebelde, desbocado, irritadiço e outras coisas mais que não combinam com o arquétipo de guru da nova era, terapeuta alternativo, conselheiro espiritual ou coisa que o valha. Minhas ocupações por vocação e alma são a música e a literatura, e a tradução literária por vocação e prática. Mesmo assim, acabei enveredando por exatos dez anos pela prática profissional de análises numerólogicas e leituras de tarô.

Mas por que diabos eu fui me meter com numerologia?

Tudo começou através da música. Em 1985 comprei o disco “Remota Batucada”, da compositora May East, que trazia melodias de sonoridades orientais e exóticas com letras cheias de referências a seres elementais, magia e dimensões paralelas. Com esses temas na cabeça, um dia parei em uma daquelas feiras de livros que de vez em quando acontecem na Cinelândia e vi um livro chamado “Magia Egípcia”, de E. A. Wallis Budge. Curioso, comprei.

E aí surgiu uma coleção de banca de jornal, daquelas cujos fascículos saem toda semana e depois você encaderna e transforma em uma enciclopédia ou algo assim. Acho que nem existe mais esse tipo de coisa no século XXI, sei lá. Bem, a tal coleção se chamava “A Sua Sorte” e apresentava vários tipos de oráculos e sistemas divinatórios e esotéricos: tarô, astrologia, i-ching, numerologia, runas, entre outros.

O i-ching e a numerologia me impressionaram mais, apesar de minha inicial decepção com ambos. É que ambos me disseram o que eu não queria ouvir. O i-ching eu consultei querendo saber das minhas chances de conquistar uma menina linda com cabelo de ninho de rato chamada Mariana. Chance zero, de acordo com o hexagrama resultante, nem lembro qual. Mas era verdade: com certeza eu (gorducho, andrógino e esquisito) não teria condições de conquistar uma das meninas mais lindas da escola. Não quero tripudiar, mas ela era burríssima, apesar de boa gente. Enfim, o i-ching me respondeu com um hexagrama bastante desanimador que deixava claro que minha chance era zero. Puto da vida, joguei de novo aqueles “dadinhos” insolentes que ousaram me dar a resposta “errada”. Aí veio o tapão na venta: Hexagrama 4, A Insensatez Juvenil, cujo texto se encerra com o seguinte recado: “O oráculo responde a cada pergunta apenas e somente uma vez. Insistir é ser inoportuno”. Cataploft!

Senti que alguma coisa tinha naquilo. Alguma inteligência, força, o que fosse. Algo. Fiquei intrigado.

Na numerologia o que me impressionou foi a perfeita coerência entre os números encontrados nos cálculos e as personalidades analisadas em questão. A coisa foi crescendo naturalmente, de modo que comecei a fazer mapas numerológicos de familiares, amigos, tudo com a intenção de pesquisar e aprender, mas aí o boca-a-boca começou a rolar. Logo me vi recebendo pedidos de consultas do amigo do vizinho do afilhado da professora de um conhecido de minha tia, e naturalmente disse que não rolava, e que não ia fazer. Mas os pedidos continuaram, e me oferecendo pagamento. Então pensei, por que não? E assim comecei o período de uma década durante o qual atendi como numerólogo e tarólogo. Parece até que foi uma encarnação passada de tão distante essa época é para mim.

E o que a numerologia disse que eu não queria ouvir? Basicamente que meu caminho do destino 25/7 implicaria uma vida de gauche: uma vida solitária, isolada, diferente, peculiar, introspectiva. Quando li isto aos 16 anos de idade, imaginei minha vida como sendo uma vida de velho, chata, burocrática, mas não foi/é nada disso. Hoje sei que sou gauche mesmo, sou solitário (embora geralmente acompanhado), individualista e introspectivo, mas vejo essas coisas agora pelo lado bom. Eu não gosto mesmo de estar em meio a muita gente, multidões etc., e meus trabalhos todos dependem de introspecção e abstração, características típicas de uma vida marcada pelo número 7. Veremos as posições do meu mapa uma a uma nos posts seguintes.

E foi assim que comecei minha perene relação com a numerologia (e o tarô, a magia e tudo mais).

No próximo post começo a análise propriamente dita de minha biografia à luz do mapa numerológico. Até lá!

Texto de Johann Heyss. Não reproduza sem mencionar o autor e o blog.