26 de nov. de 2011

A unidade das dicotomias








Nunca consegui (nunca quis) me encaixar em nenhum grupo ou gueto. Acredito na dúvida como crença básica, mas me policio sempre para não acreditar demais na dúvida e deixar um espaço duvidoso para a certeza. Sou à esquerda da direita e à direita da esquerda. Yang demais para os yin; yin demais para os yang. Há quem diga que isto é o mesmo que estar em lugar nenhum, mas quem disse que eu quero estar em algum lugar? Estar em lugar nenhum é como estar em todos os lugares ao mesmo tempo, assim como o gelo queima de frio e o calor extremo provoca arrepio. Estar em um só lugar e ser uma coisa só é negar todo o resto. Então, quando eu digo não, é porque estou dizendo sim. Luz demais atrai moscas e mosquitos, já o manto da escuridão atrai luz intensa e densa.


11 de nov. de 2011

11.11.11



Claro que eu não ia deixar passar em branco data tão carregada de simbolismo, apesar de este simbolismo ser mero placebo. Reproduzo aqui o capítulo sobre o número 11 de meu livro “O que é numerologia” (Ed. Nova Era) para quem quiser conhecer melhor o simbolismo deste número incrível e assim tirar suas próprias conclusões. 

Analogias: Revelação, originalidade, atemporalidade, exotismo, inspiração, idealismo, extravagância, modernidade, fanatismo, loucura, iluminação, incompreensão, dificuldade de comunicação, degradação, ar, o novo milênio, o Visionário. 

Análise: Este é um dos mais complexos e fascinantes números. Polêmico, considerado maldito por uns e sagrado por outros, sua natureza é inconstante e indefinível. Dois números 1 compõem 11; há um duplo componente masculino. Contudo, se fosse reduzido, o resultado seria 2, símbolo de feminilidade. O número 11 traz um simbolismo bastante misturado, ambíguo e mesmo andrógino. É fácil reconhecer uma energia típica de 11, pois este arquétipo foge aos clichês. Homens do tipo 11 são ambíguos, mas não afeminados; e o mesmo ocorre quanto às mulheres, que são mais fortes que o normal, mas não são masculinizadas. O arquétipo de 11 recusa-se a assumir rótulos, de quaisquer espécies. 

O número 11 tem sempre estrado à frente da frente, de maneira vanguardista, sempre antecipando as tendências do futuro. É o número da revelação: havia 11 apóstolos fiéis a Cristo que propagaram sua mensagem[1]. Ainda assim, no Livro da Lei, que é tido como uma reação ao cristianismo, está escrito: “Meu número é 11, assim como todos os números que são de nós”[2]. De toda forma, a má fama de 11 nos círculos esotéricos e religiosos é tão histérica quanto a reação machista à feminilidade do número 2: um preconceito desenvolvido pelas mesmas fontes de ignorância. Não é coincidência que ambos os números representando a Grande Mãe sejam demonizados pelos sistemas religiosos de nossa sociedade – ainda – patriarcal. Os judeus, por exemplo, sabem que 11 é o número de Lilith – e alguns odeiam o número por causa desta associação, já que Lilith representa a insubordinação feminina frente ao homem dominador. Ela era a primeira mulher de Adão, criada antes de (ou ao mesmo tempo em que) ele. De acordo com Bárbara Black Koltuv, Lilith é como um instinto renegado enviado por Deus para viver nas regiões inferiores – ou seja, com os humanos[3]. O modo como consideramos a humanidade definirá a maneira como definimos o que somos e o que seremos, portanto se consideramos a nós mesmos como as criaturas mais baixas vivendo no lado mais inferior, o que viremos a ser?

O número 11 representa iluminação e/ou insanidade. Cabalistas tradicionais costumam associar este número as Sephiroth Adversas. Dion Fortune escreveu: “As fórmulas usadas por Crowley poderiam ser consideradas adversas e maléficas por cabalistas tradicionais, porque ele usa 11 ao invés de 10 como o número de grupos de batidas em cerimônias mágicas, e 11 é o número das Qlipoth ou Sephiroth Demoníacas; portanto, um grupo de 11 batidas é uma invocação das Qliphoth[4]. Os católicos consideram este número um símbolo de pecado e penitência, pois excede o números dos mandamentos (10) e é menor que 12, número de graça e perfeição para os cristãos. Santo Agostinho teria dito que 11 é a insígnia do pecado[5]. Todavia, é o resultado de 5 e 6, união de micro e macrocosmo representada pelo pentagrama pentáfico. Pitagóricos escreveram que 11 marca o início de um nível de consciência mais alto, então concluímos que este número, como qualquer outra força no mundo, pode ser bem ou mal direcionada. Este é o Caminho do Bode, ou da Serpente. 

Pessoas representadas pelo número 11 são normalmente intrépidas, arrogantes e diferentes. Não ligam para simpatia, querem apenas ser o que são! São canais te intuição e de energia telúrica. 

Sua origem básica é 29, um 11 mais delicado, gentil e sociável, mas não o bastante para ser considerado “normal”. O número 11 direciona-se a 66 - número de equilíbrio e perfeição - através da adição teosófica, enquanto 29 resulta em 435, mostrando seu objetivo de maior contenção, senso de equilíbrio e comunicação. 

Este é o verdadeiro número da Nova Era. Eliphas Levi escreveu: “11 é o número da força; da luta e do martírio... Cristo morreu entre dois ladrões e levou um deles para o Céu[6]”. 

Princípio positivo: Visionário


Se o número 1 é aquele que abre caminho para os demais, o número 11 é o que indica ao número 1, nas internas, o caminho a tomar. É a “iminência parda”. Além disto, toda sociedade precisa de indivíduos que fujam a categorizações e limitações, personalidades que surpreendam, que indiquem novos caminhos, que fujam às regras. Estas pessoas, as Personalidades Onze, arejam a sociedade e a impulsionam ao progresso, seja no campo espiritual, artístico, científico, político, etc. Grande capacidade mediúnica e paranormal. 

Princípio negativo: Arrogância

O pior aspecto de uma Personalidade Onze é sua excessiva arrogância e sua tendência a quebrar regras – a qual, quando se torna gratuita, nivela a pessoa de tipo Onze a um rebelde sem causa. Além disto, sua antena parabólica capta todo tipo de ondas, desejáveis e indesejáveis, e é necessário ter muito equilíbrio para lidar com isso sem ser tragado por tal fluxo vibratório. 

Espiritualidade - Mesmo quando não está diretamente ligado a uma religião ou culto, a essência de 11 é a espiritualidade, tanto quanto a de 7 é a intelectualidade e a de 6 é a família. Sendo assim, suas atitudes e sua vida sempre levam o individuo de tipo 11 a situações em que a espiritualidade é determinante. Naturalmente, tende a ligar-se a correntes mais exóticas ou não-tradicionais de culto. 

Relacionamentos - Uma pessoa “comum” dificilmente consegue se dar bem num relacionamento amoroso com uma Personalidade 11, ao passo que amizades e sociedades com pessoas de tipos bem diferentes (ver o último capítulo “Combinações entre Números” para checar as compatibilidades) podem dar bastante certo. Contudo, que não se espere uma linha definida de ação, pois transformações aparentemente incompreensíveis fazem parte do caráter de 11.


Profissão - Se existe algo que não se pode esperar de uma Personalidade 11 é “coerência”, no sentido em que o termo é normalmente entendido: tais indivíduos têm uma noção muito própria do que seria coerência. Contudo, quanto mais progressista e incomum for o ofício, melhor será o desempenho da Personalidade 11. Profissões relacionadas: Artista (geralmente ligado a movimentos inovadores ou de vanguarda), filósofo, sociólogo, analista de sistemas, ocultista, inventor, químico, terapias alternativas. Muitas vezes sobressaem no campo da política. 

Saúde - Todo tipo de flagelo de ordem nervosa se encontra latente nas Personalidades 11, inclusive do ponto de vista da perturbação psiquiátrica: há um fio tênue dividindo a loucura da iluminação, e o maior exercício do ponto de vista da saúde física bem como da espiritual que os indivíduos de tipo 11 podem exercer é exatamente o controle sobre essa fronteira entre loucura e sabedoria. Em decorrência dos influxos mentais, há tendência a depressão, insônia, enxaquecas e tensão nervosa.





[1] Jorg Sabellicus, A Magia dos Números, p. 36.
[2] Aleister Crowley, The Law is For All, p. 50.
[3] Bárbara Black Koltuv, The Book of Lilith (York Beach, ME: Nicolas-Hays, 1986), pp. 20-26.
[4] Dion Fortune, Magia Aplicada (São Paulo: Pensamento, 1986), p 69.
[5] François Xavier-Chaboche, Vida e Mistério dos Números, p. 161.
[6] Eliphas Levi, The Keyof the Mysteries (London: Rider, 1959; New York: Samuel Weiser, 1971), p. 42.

Texto de Johann Heyss. Não reproduza sem mencionar o autor e o blog.